Quer que o Rali de Portugal volte a ser o 'Melhor do Mundo'? Ler mais: http://autosport.pt/quer-que-o-rali-de-portugal-volte-a-ser-o-melhor-do-mundo? (por Autosport)

Ao visitarmos a página do Autosport nesta tarde chuvosa deparamo-nos com uma noticia com a qual nos identificamos e que transcrevemos na integra.


“Numa altura em que muitos discutem o que entendem ser o excesso de zelo do ACP no que tem pensado para levar a bom porto o Vodafone Rally de Portugal em termos de segurança, ao só permitir espetadores nas 33 zonas espetáculo escolhidas para o evento, o que sucedeu no recente Rali da Argentina vem mais uma vez mostrar que o que se faz em Portugal em termos de segurança está em linha ou mesmo acima, das melhores provas europeias e nada tem a ver com o espetáculo a que todos pudemos assistir no Rali da Argentina.


A única razão pela qual se pode entender que uma prova como o Rali da Argentina não sofra consequências por parte da FIA depois do que a todos foi possível assistir, mesmo pela TV, é porque à FIA interessa muito ter um Rali na América do Sul. Costas quentes diriam uns. Não há meias palavras para descrever o que se viu: É mau demais para ser verdade.


Permitir espetadores tão perto da estrada em frente a um salto que se dá em curva, com o enormíssimo risco – como Hayden Paddon infelizmente provou – que o mais fácil ali é sair em frente para o meio do público, como sucedeu. Imaginem que num, ou nos dois despistes vistos pela TV na Power Stage, Andreas Mikkelsen ou Thierry Neuville, tinham capotado depois de catapultados pela mesma pedra em que acertaram. Com o público ali à mão de semear, está-se mesmo a ver os efeitos que teria para os ralis uma situação dessas em direto para todo o Mundo.


Para que se perceba um pouco melhor com o que lidam os organizadores do Rali de Portugal, não foi um nem dois pilotos que disseram ao AutoSport que só há no mundo dos ralis um público ainda mais entusiasta que o português. É o argentino. Não há espetadores na Europa mais entusiastas que os portugueses, e se controlar o público do Rali de Portugal no Algarve, com uma prova que já se conhecia tão bem quanto a palma da mão, era uma missão ‘cumprida’ à partida todos os anos, salvo raríssimas exceções, que como sempre fogem à regra, fazê-lo no Norte é bem diferente.


Com esta passagem do Rali de Portugal para o Norte o ACP sabe os riscos que corre, pois o público vai-se multiplicar, e depois do que se viu na Argentina, mais do que nunca, o Rali de Portugal tem que ser exemplar, e está nas mãos dos espetadores que assim seja. Não há prova do Mundial que carregue tanta herança negativa em termos de segurança como Portugal. Ter tido durante muitos anos uma prova absolutamente louca em termos de público, de paixão pelos ralis como foi o Rali de Portugal no passado – e com tudo o que isso trouxe – faz a prova portuguesa carregar uma herança que os últimos dez anos – salve as tais já esquecidas exceções – trataram de atenuar ou mesmo fazer esquecer. Os espetadores portugueses descendem dos seus ‘pais’, ‘tios’ e ‘avós’ dos anos 80, mas o adepto de hoje não é mais aquele que quer ir para o meio da estrada ‘tocar’ nos carros. Quer ver um bom rali em segurança, em bons e espetaculares locais. Os adeptos conhecedores sabem o que têm que fazer para tornar um rali seguro, mas há muita gente que infelizmente não o sabe. E são esses que podem estragar na estrada um bom trabalho de preparação.


O ACP tem constantemente feito passar a mensagem “O Vodafone Rally de Portugal no WRC é responsabilidade de todos” e esta é a mais pura das verdades. Tendo em conta o que se espera que seja o Rali de Portugal em termos de público, de nada valerá todo e qualquer esforço do ACP se uma fatia – por pequena que seja – dos adeptos, não quiser. O WRC Fafe Rali Sprint mostrou ao mundo dos ralis a importância de levar o Rali de Portugal para o Norte, e por isso não estranho nem um pouco que os responsáveis da FIA tenham feito alguma pressão para o Rali ir para o Norte. O melhor exemplo que posso dar para que se perceba a importância que tem para a FIA, foi ver os ‘teasers’ de promoção do WRC a seguir ao primeiro WRC Fafe Rali Sprint. A maioria desse minuto de imagens não era de provas de WRC do ano anterior! Era do WRC Fafe Rali Sprint. Fez-se promoção do WRC com um evento que não era competição do WRC! Todos queremos reviver essa mostra de paixão, e espalhá-la a Ponte de Lima, Viana do Castelo, Caminha, Marão, Baião, Fridão, Vieira do Minho, Lousada e Baltar, mas para isso há que sermos nós próprios… Marshall.


Desconheço neste momento se as 33 Zonas Espetáculo são suficientes, são espetaculares, pelo menos as de Fafe tenho a certeza que sim. Isso são ‘contas’ para fazer durante e depois da prova. Mas sei que há muita gente preocupada com essa situação. Com o trânsito nas ligações, etc. etc. Fui a todos os WRC Fafe Rali Sprint vindo de Lisboa, nunca andei mais de 1 Km, em cada sentido, sem ter ido demasiado cedo, embora sair de lá já tenha sido outra história, mas nunca mais de uma hora, bem diferente do que me aconteceu uma vez a sair da Selada das Eiras em Arganil. Sete horas. Tudo isto para dizer que, os tempos do Séc. XX do Rali de Portugal em que se ia para um troço e depois se ia ver outro aqui e mais outro ali, acabou. Estou perfeitamente convicto que com este modelo de Rali de Portugal é bem mais seguro escolher uma boa zona espetáculo, e por lá ficar as duas passagens. Segundo sei a maioria delas são bem extensas – veja-se o exemplo de Fafe – e por isso tem que haver vários sítios dignos de ver uma prova do Campeonato do Mundo de Ralis. Em qualquer dos dias, sair de um troço, e arriscar ir para outro, com o trânsito que se prevê a norte entre 21 e 24 de maio deste ano é um risco grande. O que é preferível? Dois pássaros (PE) na mão por dia ou arriscar ver alguma passagem do WRC num engarrafamento de uma estrada nacional? Não pode a festa que se fez nestes anos no WRC Fafe Rali Sprint ser extensível a todos os outros troços do Rali? Não facilite, vá o mais cedo possível, e utilize uma tática simples. Quanto mais perto levar a sua viatura para um troço, mais tempo de lá vai demorar a sair. É matemática simples. Crie um equilíbrio.


Em termos desportivos e depois da derrota da Volkswagen na Argentina, está tudo em aberto para o Rali de Portugal. Kris Meeke ‘queixava-se’ que no Rali do México os pilotos que já realizavam a prova há alguns anos tinham a vantagem do conhecimento e da confiança que isso dá. Há sempre alterações nos ralis de ano para ano, mas boa parte das provas utilizam os mesmos troços, os mesmos percursos, basta ver o que o ACP fez durante dez ralis no Algarve. Com a exceção de seis quilómetros do troço de Fafe, todos os restantes quilómetros do rali serão novidade absoluta para os pilotos do WRC. E isso é um dado muito interessante. Estando reunidas todas as condições para uma prova de exceção, deixe-me voltar à razão principal desta crónica. Ajude o Rali de Portugal a voltar a ser o melhor Rali do Mundo. Com aqueles fantásticos troços, com a multiplicação do público, os ingredientes são excelentes. É preciso que todos juntos o saibamos cozinhar.


José Luis Abreu”



Quer que o Rali de Portugal volte a ser o 'Melhor do Mundo'? Ler mais: http://autosport.pt/quer-que-o-rali-de-portugal-volte-a-ser-o-melhor-do-mundo? (por Autosport)

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