AÇORES

E venceu a equipa da casa!


Cláudio Bettencourt e Luis Silva venceram a segunda edição do Rali da Graciosa, uma evento que animou o fim-de-semana da pacata ilha branca, com cerca de dois mil forasteiros a abraçarem um certame que começa a ganhar raízes…

Resumir num único texto a segunda edição – e primeira federada – de um rali na Graciosa quase se poderia fazer versando apenas a animação que a ilha branca conheceu de quinta-feira até ontem, juntando quase dois mil forasteiros à população local, sendo que essa já percebeu que esta coisa dos ralis criou raízes numa terra onde, por norma, as festas são rijas e assentes na arte de bem receber. De novo assim aconteceu, e tirar o chapéu aos homens da “Agraprome” – que promoveu o evento -, da “Olavo Esteves Competições” – que o geriu sem mácula –, e do TAC – que teve em alta a sua equipa na estrada – seria o cumprimento de assinatura para uma prosa de bons momentos, noite dentro e tarde fora, em torno da paixão pelos ralis.
Mas a parte desportiva teve interesse demais para que fiquemos por aqui, pelo que lá se passará a contar que tudo começou na sexta, ao cair de um pôr-do-sol de antologia sobre Santa Cruz, e com uma imensa multidão a “invadir” a histórica vila, onde os mil metros de percurso sinuoso colocaram Fernando Meneses como o primeiro líder da contenda, na frente de Artur Silva, e do local Cláudio Bettencourt. Revés de entrada para Tiago Azevedo, que não evitou uma saída frente para a Praça Fontes Pereira de Melo, danificando o Subaru, e só podendo alinhar no sábado com o ónus de mais dois minutos, hipotecando as hipóteses de vitória. A seguir ao pódio, boas marcas para Sérgio Cardoso e Tiago Valadão, com Hélder Pereira a ser o melhor dos VSH – que perderam Paulo Veredas ainda nas verificações, com a caixa do 306 a ficar encravada…- , batendo no “Top-10” César Silva, Paulo Vilas, Paulo Meneses e Nuno Silva. Nos Clássicos, Adelino Sousa ditava a lei do reluzente Escort MK1.
O sábado amanheceu radioso, e belíssima era a paisagem na Serra Branca, palco do troço inicial, onde Cláudio Bettencourt impôs um andamento fortíssimo, abrindo uma vantagem curta para Artur Silva, e se Fernando Meneses via o Saxo trabalhar em três cilindros e fazia a sua retirada da luta principal, já o seu irmão Paulo mostrava grande inspiração. Azevedo começava a sua recuperação, sendo mesmo o piloto que ganhou mais troços – quatro -, enquanto Jorge Sousa assumia a liderança entre os VSH, fazendo ainda uma prova de luxo à geral, o que mais abaixo o seu irmão Adelino decalcava nos Clássicos, mercê de uma andamento fabuloso com o Escort. Carlos Andrade ficava sem caixa no Clio e, na passagem seguinte por uma classificativa que mereceu os maiores elogios dos presentes, Tiago Azevedo vencia, e Artur Silva perdia mais três segundos para Bettencourt, que iniciava assim os troços da tarde com cerca de seis segundos de avanço sobre o fogoso jovem de São Mateus. César Silva começava a recuperar de um início de prova atabalhoado, e que o levaria mesmo a vencer a 4ª PE, isto já na rapidíssima pista entre a Vitória e o Aeroporto, suplantando mesmo as marcas de Tiago Azevedo, que de tarde venceria mais três troços para se fixar num ainda útil 11º lugar da geral. Na frente, a guerra Bettencourt/Artur Silva ficava com mais 1,5 segundos de intervalo, com o golpe de teatro a ser a quebra do motor do Saxo vermelho, que retirava a luta pela vitória como mote principal da prova. César Silva subia a segundo e, quando Paulo Meneses parecia alcançar o pódio, eis que a alavanca de velocidades do Saxo cedia, o que já sucedera de manhã também a Tiago Valadão, e que ainda aconteceria a Fernando Meneses, que encostou depois de um sábado para esquecer. Com estas e outras surpresas, emergia a sensação do rali, no caso a dupla Paulo Vilas/Carla Arruda, que suavemente se instalou em terceiro, mostrando um ritmo que surpreendeu, e fazendo ainda valer uma calma impressionante nesta estreia pelos lugares da frente. Entre os VSH valeu a Jorge Sousa a entrada matinal “de leão”, pois Hélder Pereira nunca deu descanso ao GT da “Casa Cheia”, isto quando o regular Ricardo M. Moura era um distante terceiro, beneficiando de um tête de Paulo Rocha, que esteve muito bem com o bonito AX laranja. Esses seriam mesmo os quatro melhores na categoria, com distâncias confortáveis sobre o Corsa dos irmãos Cardoso e o Starlet de Tiago Mourão. Entre os Clássicos, Adelino era rei e senhor, e nem se coibiu de alguns piões na derradeira PE, que o afastariam mais um pouco dos dez da frente onde, para além dos homens dos VSH, pontificaram Francisco Costa, que manteve luta animada com Nuno Silva, ficando ambos atrás de Paulo Meneses – com uma reparação de recurso a minimizar o problema já frisado – e de Sérgio Cardoso, que teve na caixa do Clio o seu handicap, mas sem lhe retirar a vitória na F2.
Na quadra da frente as coisas não se alteraram ao final da tarde. Cláudio Bettencourt geriu a bel-prazer a vantagem e venceu com toda a justiça frente ao seu público; César Silva repetiu o 2º lugar de 2009 e animou sobremaneira a competição; Paulo Vilas foi a revelação da jornada e Tiago Valadão confirma-se a cada saída um piloto maduro e eficaz. Referência ainda para a dupla feminina, realçando-se que Cecília Augusto começa a fazer tempos interessantes…e a deixar muito homem de barba rija com a boca descaída, e para a caravana dos Clássicos, onde Filipe Moura conseguiu minimizar o desconhecimento do terreno, batendo mesmo Gilberto Ferreira, enquanto os MK2 de “Néné” e do local Laudalino tiveram alguns problemas, mas não deixando de contribuir para uma festa que foi, como já se disse, bem rija, “mexendo” visivelmente com a economia local e traçando uma rota comum entre a paixão pelos ralis e o turismo interno na região.




NUNO DINIS

Sem comentários:

Enviar um comentário